Congressos na Paraíba: “Sim, é possível acabar com a epidemia da aids. Isso é biologia”, diz pesquisador Julio Montaner
Congressos na Paraíba: “Sim, é possível acabar com a epidemia da aids. Isso é biologia”, diz pesquisador Julio Montaner
18/11/2015 – 11h
“Se conseguirmos cumprir a meta 90-90-90, se ela for feita corretamente e se unirmos esforços com o governo, sim, conseguiremos alcançar o fim da epidemia de aids até 2030. Isso é biologia. Você trata mais, previne mais e reduz a epidemia e a mortalidade. Isso também poupa dinheiro e permite que possamos melhorar outras áreas.” Foi o que afirmou Julio Montaner, diretor do Centro de Excelência em HIV/Aids da Columbia Britânica, no Canadá, na conferência de abertura do 10º Congresso de HIV/Aids e 3º Congresso Brasileiro de Hepatites Virais, nesta terça-feira (17), no Centro de Convenções de João Pessoa (PB). O pesquisador já recebeu vários prêmios e títulos honorários internacionais por suas ações de combate ao HIV/aids e nos últimos anos tem recebido apoio de líderes políticos e organizações mundiais.
Montaner é o criador de medidas de combate ao HIV como o diagnóstico precoce e a terapia potente com antirretroviais (haart) – que é capaz de suprimir o vírus no organismo, chegando ao ponto do HIV ficar indetectável. “Nós sabíamos dos benefícios do tratamento e do diagnóstico precoces, mas não estávamos percebendo o que estava acontecendo. Então, vimos que as novas infecções estavam diminuindo. Daí em diante, buscamos provar também que essa terapia tinha a capacidade de reduzir a transmissão do vírus. Soubemos disso em 2006, mas levou uma década para chegarmos a consenso internacional”, contou.
O pesquisador também afirma que a Tasp (tratamento como prevenção) é um caminho totalmente eficaz. “Descemos o número de pessoas morrendo. Hoje, as pessoas estão morrendo por outras causas, mas não tem relação com o HIV. As pessoas podem viver mais, ter expectativa de vida, planos.”
Ele também falou sobre as críticas recebidas em relação ao Tasp. Disse que o modelo de tratamento é chamado de ‘calcanhar de Aquiles’ por alguns, pois, em populações vulneráveis, consideram que pode agravar alguns riscos: “De acordo com a realidade de cada governo, também é importante pensar em estratégias para essa população, mas está comprovado que a cada pessoa que você trata, previne múltiplas infecções e evita que mais gente seja infectada.”
Segundo Montaner, nos últimos 14 anos, não houve nenhuma criança infectada pelo HIV na Columbia Britânica. “Esse é mais um ganho. Agora estamos pensando em dar outra função à pediatria da Columbia.”
A importância de conscientizar os políticos também foi lembrada pelo pesquisador: “Sem apoio político, jamais teríamos entregado os resultado que entregamos. Mas os programas também devem ser dirigidos, pois um programa que não é bem dirigido, não pode ser bem apoiado”.
“Se quisermos combater a epidemia, temos que reunir todos os grupos”, disse ao se referir ao olhar do Vaticano para o Tasp. “A igreja tem muitas controvérsias em relação as nossas ações, mas quanto à prevenção, podemos ficar tranquilos. O tratamento como prevenção mudou o olhar do sistema de saúde. Então, eu não paro de pensar que essas medidas devem ser para todas as doenças. Nós podemos acabar com todas as doenças e fazer isso juntos”, concluiu.
Serviço:
10º Congresso Brasileiro de HIV/Aids e 3º Congresso Brasileiro de Hepatites Virais
Quando: De 17 a 20 de novembro
Onde: Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima
Local: João Pessoa – Paraíba
Contato: aidshvbrasil2015@aids.gov.br
Daiane Bomfim, de João Pessoa (PB) (daiane@agenciaaids.com.br)
Agência de Notícias da Aids cobre o 10º Congresso de HIV/Aids e o 3º Congresso Brasileiro de Hepatites Virais a convite do Departamento de DST, Aids de Hepatites Virais (DDAHV)
Nenhum comentário:
Postar um comentário